Cerca de 60 enfermeiros protestaram hoje junto da Secretaria dos Assuntos Sociais da Madeira, no Funchal, para exigir a atualização do vencimento-base de cerca de 450 profissionais que alegam não ser feita há três anos.
Exibindo uma faixa em que se lia que o Serviço de Saúde Regional (Sesaram) "discrimina enfermeiros a contrato" e munidos de apitos para chamar o secretário
regional, que não estava nas instalações, os profissionais gritaram palavras de ordem como "Jardim Ramos escuta, os enfermeiros estão em luta" ou "enfermeiros
unidos jamais serão vencidos".
"A luta continua, secretário para a rua", "enfermeiros exigem trabalho igual, salário igual" foram outras das frases que se ouviram à porta da secretaria que tutela a saúde, onde estava a PSP.
O presidente do Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira, que convocou a concentração, explicou que "os enfermeiros que exercem funções
em regime de contrato individual de trabalho foram admitidos desde 2003 até novembro de 2009 a 1.020 euros".
"A tabela foi atualizada em 2010, mas o Sesaram até hoje recusa-se a atualizar esse valor e já lá vão três anos", disse o responsável, salientando que o sindicato "apenas exige uma atualização salarial dos 1.020 euros para os 1.201 euros".
"Enquanto isso não for alcançado, os enfermeiros estarão disponíveis para continuar a luta", assegurou.
Juan Carvalho alertou ainda para as condições de trabalho destes profissionais: "Trabalham para além do seu horário normal, mas não lhe são pagas as horas
extraordinárias e suplementos", referiu.
Segundo o dirigente sindical, a tutela "também não tem permitido aos enfermeiros com contrato individual de trabalho gozar os feriados, porque precisa deles nos serviços".
Por outro lado, "em muitos centros de saúde os profissionais, em vez de estarem a fazer atividades de enfermagem, estão ocupados a fazer colheitas de sangue e outros exames complementares de diagnóstico que deviam ser outros técnicos a fazer".
"Isto é desaproveitar o conhecimento, as competências dos enfermeiros", notou.
Sobre a eventualidade de novos cortes para a área da saúde, Juan Carvalho disse não acreditar que na região venha a ocorrer a dispensa de enfermeiros,
porque "entre 2008 e 2013 o Sesaram perdeu mais 400 enfermeiros".
"Com as necessidades a aumentar e os serviços a crescer, o Governo Regional, se o fizer, vai ter de dizer se vai fechar serviços no hospital ou fechar centros de saúde", declarou.
No final da iniciativa, na qual se cantou "Grândola, Vila Morena", depois de enfermeiros impedirem, ao sentarem-se no acesso à garagem da secretaria, a entrada de um veículo, o Sindicato dos Enfermeiros da Madeira entregou na portaria uma resolução a lembrar ao governante o problema, que esperam ver resolvido "o mais rápido possível".
"A nível nacional temos já vários hospitais que atualizaram o valor base e outros que informaram que o vão fazer. O Governo Regional deve seguir o exemplo", defendeu Juan Carvalho.
Ao protesto -- que, com o apoio de uma automobilista, interrompeu por momentos o trânsito no local - associou-se a Comissão de Utentes do Sesaram.